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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

TAMBOÁ

À primeira vista o nome é novo, no entanto, TAMBOÁ é mais antigo que a Serra de Grão Mogol, pois muito antes do bandeirante paulista Sebastião Leme do Prado, passando por esta região do Jequitinhonha, dali partir em busca do ouro que se esperava encontrar no estuário do Itamarandiba, os bugres cativados pela bandeira já davam notícia de "uma lama amarela e faiscante" que descia do "Aracati" e se acumulava num grande caldeirão antes desse riacho, depois denominado de "Bom Sucesso",  desaguar no Rio Tamboá, e este era o nome indígena do Fanado.

Tamboá, Aracati, Leolino Mariz, João de Barro. Brites, Ana Cirina,
Jacinto Acarajé e muitas outras denominações, que se perderam no tempo e na memória dos fanadeiros, são referências históricas que precisam ser pesquisadas para que a própria História da antiga Vila do Fanado seja resgatada em benefício de um melhor entendimento sobre vários problemas que ainda hoje afligem toda a abandonada região do Vale do Jequitinhonha e, a partir da recomposição desse passado, retomar a linha do tempo no sentido de se estabelecer providências e soluções que possam trazer esperanças para o povo dessa região.

Não será fácil esse trabalho de pesquisa de vez que, não só o tempo, mas principalmente a ação nefasta e determinada dos coronéis, tem sido implacável e muito bem sucedido o esforço de se  apagarem os mínimos vestígios dos crimes, por eles mesmo cometidos, perpetrados nestes quase 300 anos de domínio, carrancismo e exaustão.

Esse Blog tem, entre outros, o propósito de buscar estas informações, seja na tradição da oralidade, seja nos arquivos paroquiais e nos registros que ainda possam existir nas câmaras municipais de antigos municípios como   Sabará, Santa Luzia e Serro (em Minas Gerais) e Porto Seguro, Caravelas, Jacobina e Alcobaça (na Bahia), pois foram estas as localidades com as quais a Vila do Fanado (hoje a cidade de Minas Novas), desde seu descobrimento em 1727 até meados do século 19, esteve sob rigoroso controle tanto na exploração das jazidas de ouro, diamante e pedras coradas, mas, muito mais ainda, na intensa e lucrativa cultura do "ouro branco" que, de fato, foi sua maior riqueza e a causa maior da falência econômica em razão do completo empobrecimento das terras em razão da falta de manejos e investimentos que se faziam necessários nas lavouras do algodão.

Será este, talvez, um grande esforço que esbarrará em muitas outras dificuldades, inclusive de ordem econômica, as quais procuraremos contornar com a ajuda daquelas pessoas que, a exemplo do visionário autor deste Blog, poderão comparecer com suas contribuições na construção desse projeto, dando informações, indicando fontes, oferecendo recursos - mínimos que sejam - mas que serão de muita valia e grande importância para o sucesso dessa nossa empreitada.

Além desse Blog, que pretendemos ser um canal permanente para a troca de informações, estamos propondo a criação do CLUBE TAMBOÁ, uma sociedade civil que congregará todos aqueles que se interessarem pelo tema e que poderão unir o útil ao agradável, ou seja, participar ativamente das aventuras e pesquisas, das viagens, das missões, dos encontros e dos trabalhos de campo que pretendemos programar, na medida do possível, a partir da formalização dos estatutos e da divisão de tarefas e encargos. 

Temos pela frente um mundo de descobertas. 

O meu primeiro trabalho de garimpagem aqui se inicia nesta primeira abordagem pois estou convidando a você, fanadeiro de Minas Novas ou de qualquer outra origem, para que se manifeste e venha unir-se com suas ideias e anseios de luta a favor desta causa, fazendo desse projeto a oportunidade de demonstrarmos, a nós mesmos, a nossa capacidade de superação e de criatividade em busca de respostas que possam dar melhor encaminhamento ao cotidiano de nosso povo, de nossa gente sofrida do Vale e, principalmente, elevar a autoestima dos nossos conterrâneos tão abandonados, vilipendiados, explorados e colocados à mercê de um destino que, no momento, de forma deprimente, muito pouco acena com boas perspetivas de futuro se alguma coisa não for feita, urgentemente, agora e já, para reverter o curso de tantas mazelas que lá estão infelicitando a nossa terra e envergonhando a todos nós como personagens vivas dessa história que é nossa e da qual, como cidadãos de bem e homens de brio, não podemos fugir sob pena de termos que admitir nossa fraqueza e covardia.

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