Translate

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

UMA CIDADE EM FRANGALHOS

Minas Novas, uma cidade quase tri-centenária, comemora intempestivamente e de forma acintosa o seu aniversário ao som dos "Aviões do Forró": triste realidade e lamentável destino de uma terra que é berço cultural dos Vales do Jequitinhonha, São Mateus e Mucuri, celeiro de grandes figuras da história mineira e cenário glorioso de acontecimentos de que muito deveriam se orgulhar os filhos que atualmente preferem a cegueira da ignorância, a falta de caráter e de boas referências culturais. 

E, não bastasse a balbúrdia infernal do brega, do pank e do funk,  num festival de péssimo gosto visto nestas noites de orgia e desassossego, a população presenciou,  aturdida e desprotegida, em pleno estádio de futebol, um verdadeiro bangue-bangue entre um tresloucado e imprudente policial militar e um grupo de maconheiros, culminando, na sequência desses acontecimentos, com um macabro episódio de tiroteio pelas ruas, e o desfecho trágico da execução sumária de um jovem comerciante, vítima de mais um crime produzido pela flagrante desestruturação da sociedade local, da omissão das autoridades constituídas e da passividade obsequiosa de um eleitorado inculto, corrompido e sem rumos.

São estes os tristes acontecimentos que jamais foram registrados anteriormente, durante todos estas longas décadas de pacífica, frutuosa e honrosa existência desta cidade, desde os tempos venturosos da Vila de São Pedro do Fanado.

Mas, não fosse por demais lamentáveis apenas tais ocorrências dos tempos derradeiros, o município também se encontra literalmente invadido por traficantes e bandoleiros de toda espécie, vindos como ratos e vândalos, egressos de grotões, pântanos e brejos, os quais vão-se instalando desordenadamente pelas periferias inabitáveis e pelos  bairros carentes que se multiplicam como perigosas malocas, infestando de sujeira, promiscuidade e violência  essa cidade histórica que guarda as mais caras tradições e que, ainda há pouco, era considerada em toda região como um exemplo de urbanismo, de hospitalidade e de tradicional urbanidade. 

O prefeito atual, em final de seu segundo e péssimo mandato, vendo-se amargamente derrotado no insucesso eleitoral de seu candidato oficial, resolveu decretar o caos no serviço público e anunciou, de viva-voz, que vai gastar até o último centavo os recursos que sobraram e que antes já estavam entesourados para financiar a campanha de seu pimpolho, no que não logrou pleno êxito em seu projeto de comprar  todos os votos de que precisava pra dar continuidade a sua sanha de poder e má condução administrativa. E será assim, contratando bandas de forró, superfaturando compras de última hora e autorizando outras falcatruas que ele pretende deixar limpo o cofre da prefeitura, não deixando qualquer saldo positivo para o seu sucessor, um político que, por sua vez, se elegeu por força de um pleito agressivo, deselegante e eivado de irregularidades que precisam ser apuradas em razão do acinte e da ilegalidade.

É de causar pena, nojo e revolta a atual situação desse município. O caos se instalou de tal forma, que tudo está correndo como se não houvesse autoridade e bom senso, nessa antiga cidade, que também é sede de um dos mais antigos termos judiciais de todo o país.

A corrupção, à luz do dia, correu solta nas últimas eleições, com a deslavada compra de votos, numa demonstração clara de falta de respeito à Lei, quando vários crimes eleitorais foram flagrados e cujos boletins de ocorrência, em grandes quantidades registradas, até hoje não mereceram qualquer providência por parte do poder judiciário e, desta forma, os candidatos que se beneficiaram dessas tramoias logo estarão diplomados e em seguida serão empossados para que continuem, como o atual prefeito, a praticar todo o tipo de desmando, arbitrariedade e de crimes contra o erário público, dilapidando o patrimônio que é do povo, esse mesmo povo que - infelizmente -  não tem sabido escolher com seriedade e responsabilidade seus governantes ou com estes, movidos pelos interesses corporativos, tem preferido comungar de suas desonestidades e safadezas no festim imundo da corrupção.

Estão em ruínas muitos dos antigos casarões, as igrejas centenárias, os monumentos tombados pelo patrimônio histórico, as ricas tradições e o invejável folclore, pois são estes os valores insignificantes no entendimento canhestro desses governantes sem ética, sem moral, sem formação cultural, sem berço e sem juízo. 

O lixo urbano se amontoa pelas ruas e a tristeza se estampa nas feições de quem conservou um mínimo de dignidade. Porém, a podridão maior que está infestando o município é o desleixo institucionalizado, a completa imoralidade que corrói a juventude, o desrespeito às famílias, aos trabalhadores e aos contribuintes que pagam seus impostos com lutas e sacrifícios, o mal exemplo das lideranças de última hora, que foram forjadas na cumplicidade criminosa e que se associaram na quadrilha para envenenar o sentimento de justiça e para destruir a cidadania que ainda resta em alguns minas-novenses que, indignados, estão prestes a enterrar a esperança de ver uma Minas Novas justa e progressista, deixando tudo para trás e partirem para outras terras, onde existam bandas e costumes mais agradáveis, em busca de um futuro melhor para seus desrespeitados e assustados familiares.

"O tempora...O moris!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário